Agrale TX: Um caminhão por acidente.

O TX INÍCIO A DINASTIA DE CAMINHÕES LEVES DA AGRALE.

No Brasil sempre lamenta-se a falta de uma empresa que nasceu no Brasil ou que seja de capital nacional, nos anos 1960 e 1970 surgiram Puma, Gurgel, Hofstetter, Miura, Engesa entre outras vou colocar as de maior destaque, sendo que a Puma também fez caminhões, mas lógico a Gurgel foi a falência em 1995 e lógico antes de falir foi a única a ter motor próprio: o Enertron dois cilindros usado no BR-800/Supermini. já Hofstetter, Miura sucumbiram aos importados assim como a Engesa essas nos anos 1990 e a Puma? bem diante das devolução dos CKD para os Estados Unidos e a enchente na fábrica ela foi a falência e em 1988 um novo grupo assumiu, mas esse deixou de produzir caminhões em 1999.

HOJE SÓ TEMOS MULTINACIONAIS?  Temos duas empresas: A Agrale e a Troller, mas você pergunta a Troller não é da Ford? é, mas você considera a Jaguar indiana? resposta: não, e lembre-se você pode até alegar a engenharia britânica nos produtos da Jaguar o que de fato é verdade, mas a engenharia da Ford brasileira trabalho no Troller T4 e agora vamos a estrela da matéria: A Agrale que faz caminhões, tratores e já fez motos no passado.

A AGRALE NASCEU COM AGRISA em 1962 e em 1965 com o controle acionário nas mãos de Francisco Stédile passou a se chamar Agrale e mudou sua fábrica para Caxias do Sul, lá pelos anos 1969 discutia a ideia de uma carreta agrícola coberta e eles entraram em contato com uma empresa paulista que fazia cabine e pediram um carreta agrícola e aí quando veio a entrega.... um caminhão por acidente, o próprio Stédile disse: Eu pedi para vocês uma carreta agrícola e vocês me mandam um caminhão, ao menos saiu melhor que encomenda. em 1974 no Salão daquele ano a marca exibiu um digamos "caminhão-conceito" do que viria a ser o seu modelo, afinal naquele tempo era na base do "8 ou 80" para entregas urbanas ou era Mercedinho, Ford F4000, Dodge D400 que eram caminhões leves, mas as cidades ficavam apertadas, ou tirava a caçamba de uma Chevrolet Série 10 ou F100/F1000 ou na última opção: a Kombi, a Série 10 e F100/F1000 por óbvio era melhores no trânsito urbano, mas infelizmente o "bico atrapalhava" e a Kombi tinha um motor fraco demais mesmo o 1600 que só chegaria em 1976.

A CHEGADA DO MODELO TX:  Em março de 1982 chegava o TX 1100, o nome TX era um homenagem ao dono (Tio Xico como era conhecido na fábrica),  o câmbio era manual de quatro marchas, o motor era do Trator 4100 era o dois cilindros em linha 1.3, 6 válvulas com bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por varetas, o seu diâmetro era de 90mm e o curso era de 100mm o que totalizavam 1272cm3, a sua taxa de compressão era de 18:1 e com isso gerava 7.8KGFM a 2200RPM e 36CV brutos a 3000RPM e indo até 3600RPM, bomba injetora de atuação direta  e refrigerado á ar , os freios eram a tambor nas quatro rodas, a direção era setor e rosca sem fim, o rodado era simples como proposta para líder no mercado urbano, afinal sua capacidade de carga era 1 tonelada e seu peso bruto era de 3 toneladas, o tanque era de 50 litros.

O TX 1100 chega ao mercado com motor dois cilindros á diesel de 36CV.

O modelo vendeu 200 unidades naquele ano, mas o motor se mostrou um pouco inadequado fora da "roça", era fraco e superaquecia com facilidade, mesmo sendo refrigerado á ar,  mas no resto a proposta de mostrou boa, em outubro de 1982 na linha 1983 nada muda, afinal era recém-lançado.

A CHEGADA DE NOVOS MOTORES: Se dá com chegada do TX 1200 A e o TX 1600 D e junto vem mudanças, o câmbio manual de quatro marchas dá lugar ao de cinco marchas, o tanque passa de 50 para 90 litros e as novidades mecânicas para o TX 1200 A vinha o Chevrolet 151 emprestado do Opala quatro cilindros com bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por varetas, o seu diâmetro era de 101.6mm e o curso era de 76.2mm o que totalizavam 2479cm3, taxa de compressão de 10,5:1 e carburador de corpo duplo e com isso gerava 18.9KGFM a 2600RPM e 90CV a 4600RPM ainda que bruto e o TX 1600 D vinha com o três cilindros MWM 229-3 á diesel,  o seu diâmetro é de 102mm e o curso era de 120mm o que totalizavam 2940cm3(na verdade é 2.9), com bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por varetas e com isso gerava 19.4KGFM a 1600RPM e 63CV a 3000RPM é basicamente o motor usado no Volkswagen 13-130 "cortado pela metade" ou o usado na F1000 com um cilindro a menos, ambos os motores mais adequados a um caminhão urbano, aliás isso foi o começa de uma aliança bem longeva. lógico a capacidade de carga foi aumentada para 1068KG no modelo 1200 A e 1600 no modelo 1200 Diesel.

O  TX 1200 A chega ao mercado com motor Chevrolet 151 2.5 á álcool de 90CV.

O TX 1600 Diesel chegava ao mercado com motor MWM três cilindros 2.9 de 63CV.

Em outubro de 1984 o TX 1100 dá adeus e com isso o motor M-790 de origem da própria Agrale vai embora dos caminhões, em outubro de 1985 na linha 1986 eles dão adeus e chega um novo modelo da Agrale, mas essa é outra história.


O TX inaugurou a dinastia dos leves da Agrale, aliás que vale lembrar que ela é um tradicional fabricante de caminhões leves e a marca sempre descobrindo nichos de mercados, hoje por exemplo tem o 8500 TR que é o único cavalo-mecânico leve do país para atender auto-escolas, afinal os caminhões Agrale nasceram assim: nicho de mercado que surgiu o nascimento dos TX 1100, 1200 e 1600 além é claro de ser o caminhão por acidente da marca.


Comentários

  1. Gostei muito de saber que o m 790 foi modelo 1100

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    1. Sim, eu também gostei na época, pena que o site caminhão antigo brasil não existe mais, tinha dados de um monte de caminhão e eu peguei de lá.

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  2. Quando o motor mudou do m790 para dos outros dois, eles ainda eram refrigerados a ar?

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    1. Não, apenas o motor da própria Agrale, já os outros são motores refrigerados á água. no caso o motor do Opala e o MWM três cilindros são refrigerados á água.

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