FORD CARGO: A "REVOLUÇÃO CARA-CHATISTA"

O FORD CARGO REVOLUCIONOU O SEGMENTO, POPULARIZANDO OS "CARA-CHATA"

A Ford brasileira tinha planos de ter dois caminhões além da então Série F: o pesadão L-9000 e o Ford Cargo que era um caminhão de projeto da Ford inglesa que foi desenhado por um francês: Patrick Le Quément que anos mais tarde, assinaria os projetos da Renault.

   Mas o dinheiro só dava para um deles, o L-9000 infelizmente "morreu na praia" e deixou a Cummins com um "abacaxi" para descascar, então a Ford concentrou esforços(acertados diga-se) no Ford Cargo.

A CHEGADA AO MERCADO SE DÁ em Março de 1985, era um caminhão totalmente novo, ok, você pode dizer que cara-chata não era novidade no mercado brasileiro já que existiram  Mercedes-Benz LP e "Fenemê" por exemplo, além  dos Scania LK e R, no caso dos dois primeiros o acesso era feito pelo motor, a Volkswagen tinha a cabine acima do motor, mas os Volkswagen como herança dos Dodge, tropeçavam no início da carreira, já o Scania LK fez relativo sucesso, mas o V8 ao mesmo tempo que foi elogiado pelo desempenho, foi criticado pela fragilidade e os R da época, representava apenas 8% das vendas da Scania na época. Voltando ao Cargo, era um caminhão tão moderno para época que acabou sendo exportado para a Matriz norte-americana, ele veio nos modelos 1113,1114, 1313,1314,1317, 1514 e 1517. O câmbio era sempre manual de cinco marchas, já nos motores para os modelos 1113 e 1313 era o seis cilindros MWM 229-6 de 5.9 litros, o seu diâmetro era de 102mm e o curso era de 120mm o que totalizavam 5880cm3, a sua taxa de compressão é de 16,6:1 e com isso ele gerava 38.1KGFM a 1600RPM e 132CV a 2800RPM é o mesmo motor usado nos F-Médio da época e nos Volkswagen 11-130 e 13-130 só que com 2CV a mais, já os modelos 1114,1314 e 1514 estreavam o novo Ford-Diesel ou Ford NVH era primeira vez que um caminhão nacional da Ford usava motor próprio, o seu diâmetro x curso eram iguais(112mm para cada um) o que totalizavam 6571cm3, a sua taxa de compressão é de 17,5:1 e com isso ele gerava 42.8KGFM a 1600RPM e 140CV a 2800RPM e por último a versão Turbo desse motor para os modelos 1117,1317 e 1517 e ambos estavam acrescentados do "T" no seu nome e com isso, a taxa de compressão caia para 16:1 e gerava 53.8KGFM a 1500RPM e 165CV a 2600RPM, para época até que era potente, mas infelizmente o motor foi criticado pela manutenção,  ambos os motores com bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por varetas e bomba injetora de atuação mecânica(vale para o MWM também). A sua suspensão era eixo rígido com feixe de molas nos dois eixos. Os Freios eram a tambor. O Tanque de combustível era de 150 litros, mas podia ter um segundo tanque como opcional com 140 litros o que dava 290 litros.

O Cargo chegava ao mercado aqui o 1113 com motor MWM Seis cilindros 5.8 á diesel de 132CV, aliás motor disponível para os 1313 e 1513.

O 1517-T com motor Ford Diesel seis cilindros 6.6 Turbo Diesel de 165CV, esse motor estava disponível também para os 1117 e 1317 e havia a versão aspirada desse motor equipando os 1114, 1314 e 1514  com seus 140CV, mais tarde esse motor vai a 153CV na versão aspirada e 177CV na versão Turbo.

Em outubro de 1985 na linha 1986 nada muda,  Em outubro de 1986 na linha 1987 os modelos 11 toneladas dão lugar ao modelo de 12 toneladas eram os 1215 e 1218, assim como de 13 dá lugar ao de 14 toneladas e assim eram 1415 e 1418 e os 15 toneladas dão lugar aos 16 toneladas eram os 1615 e 1618, os modelos com final 18 estavam acrescentados do T, ué os de final 13? deram adeus junto com o motor MWM na linha Cargo, assim a linha Cargo só ficou com os motores Ford, o seis cilindros 6.6 aspirado passou a gerar 44.2KGFM a 1600RPM e 153CV a 2800RPM e o seis cilindros 6.6 Turbo Diesel passou a gerar 55.3KGFM a 1600RPM e 177CV a 2800RPM, na mesma época é formada a Autolatina que é aliança entre Volkswagen e Ford na época. Em Outubro de 1987 na linha 1988 nada muda, em outubro de 1988 na linha 1989 nada muda, em outubro de 1989 na linha 1990 os caminhões Volkswagen passam ser fabricados junto com ele no Bairro Ipiranga, na capital Paulista.

A CHEGADA DA LINHA 1990  trouxe a estréia do cavalo-mecânico para a linha, mas antes vamos dar uma olhada na linha: o 1215 foi mantido, assim como o 1415 e o 1615 ,o 1419 e o 1619, além é claro do 2319 que era um trucado de fábrica, o motor Ford NVH ou Ford Diesel de seis cilindros em linha e 6.6 litros agora gerava 64KGFM a 1700RPM e 188CV a 2600RPM já se tornaria o caminhão Ford nacional mais potente de todos os tempos se não fosse por um detalhe: Os modelos 2324 e o 3224 cavalo-mecânico, aliás os modelos com final 19 estreavam o câmbio manual de seis marchas, já os modelos final 24 tinham câmbio manual de cinco marchas com duas reduzidas, já o motor era o Ford-NVH-Diesel de 7.8 litros, o seu diâmetro foi mantido e o curso foi de 132mm o que totalizavam 7.767cm3, a sua taxa de compressão é de 16,7:1,ele tinha turbo e foi o primeiro caminhão Ford nacional a ter Intercooler e por isso o logo "TURBO A.T.AC" estampado na dianteira, com isso ele gerava 90.6KGFM a 1500RPM e 243CV a 2400RPM assumindo o posto de caminhão Ford mais potente do país até então. O 3224 foi primeiro cavalo-mecânico da Ford brasileira desde o fim do F8500 em 1980.

O 3224 chega ao mercado com motor Ford-NVH seis cilindros 7.8 Turbo Diesel Intercooler e 243CV.

 Na linha 1991 lançada em outubro de 1990 a Ford resolveu trocar os motores de todos os modelos, o fim da produção dos Ford-Diesel acabou indo nos Cummins, para os modelos 1215, 1415 e 1615 era o Cummins Série B de 5.9 litros, seis cilindros, turbo, diesel com bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por varetas, o seu diâmetro era de 102mm e o curso era de 120mm o que totalizavam 5883cm3, a sua taxa de compressão era de 17,5:1 e com isso gerava 58KGFM a 1400RPM e 158CV a 2500RPM, o curioso é que esse motor anos mais tarde iria parar nos Volkswagen médios, já os modelos 1421 e 1621 recebiam o Cummins Série C de 8.3 litros, seis cilindros em linha, com cabeçote e bloco de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por varetas, o seu diâmetro era de 114mm e o curso era de 135mm o que totalizavam 8270cm3, dotado de turbo e com isso gerava 83KGFM a 1500RPM e 210CV a 2200RPM, Já o câmbio para esses modelos era manual de seis marchas, além disso estreava o 2221 6x2, estreavam também os modelos 6x4 que eram os modelos 2422, 2425 e 2630, todos usavam o Cummins Série C  Seis cilindros de 8.3 litros, mas com diferentes calibragens: o 2422 usava a calibração que gerava 82.2KGFM a 1600RPM e 215CV a 2200RPM, já o 2425 usava a calibração que gerava 103KGFM a 1400RPM e 250CV a 2200RPM e o 2630 usava a calibração que gerava 121.3KGFM a 1400RPM e 291CV a 2200RPM, já o câmbio era manual de oito marchas para o 2422 e o 2425 e de 10 marchas para o 2630, já nos cavalos-mecânicos o 3224 apenas trocava o motor, em vez do Ford era o Cummins Série C de 8.3 litros mas calibrado para gerar 92.3KGFM a 1400RPM e 241CV a 2200RPM e estreava o novo 3530 que vinha com o motor já citado no 2630, já o 3224 tinha câmbio manual de cinco marchas, o 3530 tinha câmbio manual de oito marchas e dois tanques de 275 litros o que dava 550 litros no total. Ambos eram homologados para carretas dois eixos, aliás esses modelos 2630 e 3530 tinham Intercooler e por isso eles mantinha o logo "Turbo A.T.AC" na dianteira.

O Cargo recebe a opção da tração 6x4 e o Cummins Seis cilindros de 8.3 litros turbo diesel de 215CV, 250CV ou 291CV esse último dotado de Intercooler, além disso recebia o Cummins Seis cilindros 5.9 Turbo Diesel que gerava 158CV para os modelos 4x2 de entrada.

O 3530 chegava ao mercado com motor Cummins de 291CV.

 Em outubro de 1991 na linha 1992 nada muda, em outubro de 1992 na linha 1993 nada muda, em outubro de 1993 na linha 1994 nada muda, em outubro de 1994 na linha 1995 nada muda, em outubro de 1995 na linha 1996 nada muda.

A CHEGADA DO LEVE se dá em outubro de 1996 é o Cargo 814, o popular "Carguinho", o câmbio era manual de cinco marchas, já o motor era a versão quatro cilindros do Cummins Série B, inclusive repetia o diâmetro x curso e com isso totalizavam 3920cm3, dotado de turbo e intercooler, a sua taxa de compressão era de 17,5:1 e com isso gerava  42.3KGFM a 1600RPM e 140CV a 2600RPM. O Seu tanque era de 150 litros.

O Cargo 814 chegava ao mercado com motor Cummins Série B quatro cilindros de 140CV.

 Nos médios, o 1621 dá lugar ao 1622 e estreava o 1617, além é claro do 1417 e do 1422, os 1422/1722 herdavam a calibração do 2422 6x4, já os 1417/1617  ganham a versão com intercooler do Cummins Seis cilindros Série B de 5.9 litros e com isso ele gerava 58KGFM a 1600RPM e 162CV a 2600RPM. Já o 3530 era substituído pelo 4030 que podia levar carreta de três eixos, mas motores e câmbio ele manteve o do antigo 3530. Essa era a linha 1997.

O 4030 que podia levar carreta de três eixos(aqui levando apenas um eixo) e o mesmo motor do antigo 3530.


Em outubro de 1997 na linha 1998 nada muda, em outubro de 1998 na linha 1999 nada muda, em outubro de 1999 na linha 2000 nada muda.

A CHEGADA DO FACELIFT se dá em outubro de 2000 na linha 2001 e inclusive eram todos os modelos, grade, faróis,para-choques e inclusive até renomeamento, o 814 virava 815, os 1215/1415 viravam 1317 e 1517, os 1417 e 1617 viravam 1517 e 1717, estreava o 1521, o 1617 virava 1717, estreava o 1721, o antigo 1622 era renomeado 1722, o 2422 virava 2622, assim como o 2425 virava 2625, o 2630 era mantido na nomenclatura, assim como o 4030 e esse últimos só mudavam o visual. Já nos motores o 815 tinha alterações no Cummins Série B quatro cilindros 3.9 ele  passava a gerar 51KGFM a 1500RPM e 152CV a 2700RPM, já os modelos com final 17 herdava o motor de 162CV dos antigos 1417 e 1617, já os final 21 estreavam a calibração de maior potência do Cummins Série B de 5.9 litros que passou a gerar 72KGFM a 1500RPM e 208CV a 1600RPM, já os modelos com final 22 mantinham o motor de 215CV, assim com o 2625 mantinha o motor de 250CV e os de final 30 que eram  o 2630 e o 4030 mantinham o motor de 291CV. 

O Cargo 814 virava 815 e o motor Cummins Série B passava a gerar 152CV.

Agora para os modelos médios os motores eram o Cummins Seis cilindros Série B 5.9 de 162CV ou 208CV, o Cummins Série C seis cilindros de 215CV, para o 6x4 tinha a opção de 250CV e para o cavalo-mecânico e o 2630 eram mantidos a calibração de 291CV.

 Outra mudança além do visual e da mecânica de alguns modelos, ele passava a ser feito na fábrica do  bairro Taboão em São Bernardo do Campo-SP e deixa de produzir na fábrica do Ipiranga na capital Paulista por que os vizinhos estavam reclamando do barulho da fábrica, além da família Cargo, a Série F também passou a ser produzida nessa fábrica e até hoje é assim. Em outubro de 2001 na linha 2002 nada muda, em outubro de 2002 na linha 2003 nada muda, em março de 2003  chegavam duas novidades: o 2631 e o cavalo-mecânico 4331 MaxTon, no último o câmbio era manual de 16 marchas, já nos motores ambos o Cummins Série C de 8.3 litros passava a gerar 122KGFM a 1500RPM e 303CV a 2200RPM, a linha Cargo passava dos 300CV pela primeira vez na sua história. Em outubro de 2003 na linha 2004 mais novidades: era vez do 815S que tinha capacidade carga maior, os modelos 2421 e 2422 que eram os 6x2 de fábrica da Ford. 

A CHEGADA DOS MOTORES ELETRÔNICO em outubro de 2004 na linha 2005 nada havia muda, em outubro de 2005 na linha 2006 chegaram mudanças para toda a linha Cargo, o 815 virava 815e, o 1317 e 1517 viravam 1317e e 1517e, os modelos 1717,1721 viravam 1717e e 1722e, o 1722 mecânico não teria um sucessor direto, o 2421 virava 2422e, o 2422 virava 2428e, os 6x4 agora eram 2422e, 2428e e estreava o 6332e no lugar do antigo 2631, além disso estreava o cavalo-mecânico 4432e MaxTon, para ter o "e" na dianteira, houve mudanças mecânicas, para o 815e o Cummins Série B quatro cilindros de 3.9 litros ganhou injeção common-rail e passou a gerar 56KGFM a 1500RPM e 150CV a 2500RPM, os modelos de final 17e  trocava o Cummins Seis cilindros 5.9 pelo Cummins Série B de quatro cilindros e calibração mais forte: 61KGFM a 1500RPM e 170CV a 2500RPM, além disso ele vinha com o câmbio manual de seis marchas, já os modelos de final 22e estreavam a injeção common-rail no Cummins Série B de seis cilindros 5.9 e com isso gerava 83KGFM a 1500RPM e 220CV a 2500RPM, para os modelos de final 28e  uma calibração mais forte do Cummins Seis cilindros 5.9 que gerava 96.8KGFM a 1500RPM e 274CV a 2500RPM e por últimos os modelos de final 32e que ganharam a injeção common-rail no Cummins Série C de 8.3 litros e com isso gerava 131KGFM a 1300RPM e vai até 1600RPM e 320CV a 2000RPM.

O Cargo 815e ganhava injeção common-rail no motor Cummins 3.9 e passava a ter 150CV.

O Cargo 2428e com motor Cummins Seis cilindros 5.9 de 274CV, mas existia os modelos 2422e/1722e que tinha o Cummins Seis cilindros 5.9 de 220CV e os modelos 1317e/1517e e 1717e com motor quatro cilindros 3.9 calibrado para gerar 170CV.

O 4432e com motor Seis cilindros Cummins 8.3 de 320CV

 Deu para notar duas coisas, na linha Cargo a Ford adotou o "Common-rail para todos", em outubro de 2006 na linha 2007 o 4432e era renomeado 4532e Max Ton, em outubro de 2007 na linha 2008 nada muda, em outubro de 2008 na linha 2009 nada muda, em outubro de 2009 na linha 2010 nada muda, em outubro de 2010 na linha 2011 sem alterações. Em março de 2011 chegava a nova geração do Cargo que é uma outra história, como remanescente antigo só ficava o 815 e esse sem alterações.

A CHEGADA DE MAIS UM FACELIFT PARA O LEVE se dá em outubro de 2011 na linha 2013  e o nome passava se chamar 816, o câmbio era manual de cinco marchas, já o motor era o novo Cummins Série B de 4.5 litros, o seu diâmetro é de 107mm e o curso é de 124mm o que totalizavam 4462cm3, a sua taxa de compressão é de 17,3:1 dotado de turbo, intercooler e injeção common-rail ele gera 56.1KGFM a 1100RPM e vai até 2000RPM e 162CV a 2300RPM. 




                  O Cargo 816 chegava ao mercado com motor Cummins Série B de 4.5 litros e 162CV.

Em outubro de 2012 na linha 2013 nada muda, em outubro de 2013 na linha 2014 chegava o 1119 que tinha maior capacidade carga, câmbio manual de cinco marchas e o motor Cummins Série B de 4.5 litros calibrado para gerar 61.1KGFM a 1600RPM e vai até 1900RPM e 189CV a 2300RPM.  

O Cargo 1119 chegava ao mercado com motor Cummins Série B 4.5 Turbo Diesel calibrado para 189CV.

 Em outubro de 2014 na linha 2015 nada muda e ele segue sem alterações até hoje e dois modelos 816 e 1119 são heranças da primeira geração do Cargo.

 Ele foi um "revolucionário" afinal num tempo que os bicudos dominavam, ele acabou popularizando os "cara-chata", forçou a resposta da Mercedes-Benz para isso, teve o experimento de usar motor da própria Ford Diesel, teve o experimento de usar motor MWM que foi por pouco tempo(aliás muito pouco),  começou o uso de motores Cummins pela Ford brasileira que se mantém até hoje, fez um Ford voltar a puxar carretas com o 3224 e depois com os 3530, 4030, 4331, 4432e e 4532e, inaugurou o motor Turbo Diesel nos caminhões da Ford Brasileira.  Deu origem ao leve cara-chata da marca que está vivo até hoje no mercado, ou seja: mais de 30 anos. 








Comentários

  1. Uma série que fez tanto sucesso, chega a ser surpreendente a Ford ter tirado de linha no Brasil.

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    1. Pois é, uma pena, a notícia caiu como uma bomba, no meio automotivo brasileiro da época.

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